Somos seres sociais e, portanto, definimos papeis sociais para definir nosso lugar nesta sociedade. O papel ‘mãe’ é um deles. Para se tornar uma é preciso passar por alguns rituais¹. O primeiro é a espera, comumente conhecida por 9 meses, este tempo pode ser alterado para mais ou menos, existem casos que houve uma espera de anos na fila de espera para adoção. Existe o choque de realidade ao ver seu filho pela primeira vez pra te lembrar que houve uma espera. Assim como existe dor, a perda de amigos, comentários horríveis, conselhos incabíveis. Existe as noites em claro, a insônia, o sono. Seja por que o bebê não dorme, seja por ele estar doente ou apenas por querer curtir um momento de silêncio após um dia cheio de choro e gritos. Estes são rituais comuns que enfrentamos neste papel social. Nos lembramos apenas de amor, carinho, cuidado ao pensar em mãe e erroneamente ligamos este papel apenas em cuidados com outro ser, como por exemplo um animal de estimação. Ao fazer esta ligação, ignoramos vítimas de mães narcisistas, onde estas pessoas têm as mães, porém não são cuidadas com o devido ‘amor’ e ‘carinho’. Pois nem toda mulher que pariu ama seu filho. Este comportamento, idealizar a maternidade, surge com a romantização da maternidade. Uma das formas de opressão da mulher não levar em conta a realidade que existe por trás do fenômeno da maternidade, para que assim, possamos continuar a reproduzir. Por este motivo ganhamos bonecas na nossa infância enquanto os meninos ganham jogos de que estimulam habilidades como estratégia. Para começar a nos habituar com a ideia que seremos mães no futuro, também somos nós que cuidamos de primos/irmãos mais novos, somos cobradas a todo instante de quando teremos filhos sob os motivos mais estapafúrdios, o aborto ainda é um crime, entre outros eventos. A questão não é porquê chamar um gato ou cachorro de filho, a questão é: por que você quer ser chamada de mãe?
Natasha Schneider.
Guarujá, SP. Estudante e mãe.
Foto de capa: Ilustração de Jo Justino.
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