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  • Foto do escritorPaçoca Psicodélica

Banda Nervosa e o machismo fascista do Metal -Cyntia Marques

Atualizado: 27 de abr. de 2020

De todas as notícias ruins de 2020, mais uma veio à tona em 25/04: a formação que fez do power trio Nervosa um dos maiores nomes do Metal brasileiro no mundo atualmente se desfez. A vocal e baixista Fernanda Lira anunciou sua saída em seus perfis de rede social, seguida pela baterista Luana Dametto, cerca de 2 horas depois do primeiro anúncio. Ambas alegaram motivos pessoais e mencionaram estar em novos projetos. No dia seguinte, a membra remanescente e fundadora Prika Amaral disse em nota oficial que a Nervosa continua, com nova formação ainda a ser divulgada.


A reação dos fãs a cada postagem foi de surpresa e tristeza, mas uma parcela peculiar do público me chamou atenção pelos comentários: os homens. Prika em sua nota disse que a banda vinha passando por problemas internos há 2 anos, agradeceu e desejou sorte às ex companheiras de palco e ressaltou que todas que já passaram pela Nervosa contribuíram positivamente para o que a banda é hoje. Todos os discursos foram gentis. Quem esteve em algum show das meninas no ano passado – eu estive em 2: Rock in Rio e Arena Hermeto Pascoal – viu o profissionalismo que não deixou transparecer nenhum desentendimento, a coesão durante o show e o respeito com o público dentro e fora do palco. Mesmo assim, vários caras comentaram coisas como “muita mulher junta nunca dá certo mesmo”, “conta pra gente qual foi o barraco?”, além de outros que já conhecemos, como “as novas integrantes vão ser gatas também?”. Houve ainda quem tivesse comemorado a notícia e apostado no fim da Nervosa antes do pronunciamento da Prika, com argumentos que citavam a suposta falta de talento feminino para a música pesada e o posicionamento político das integrantes.




Bandas como a Nervosa inspiram muitas garotas que curtem música pesada e não querem ficar somente nos bastidores e plateia. No mesmo ano em que subiram ao Palco Sunset do Rock in Rio no dia do Metal, abrindo para Torture Squad, Anthrax e Slayer elas foram convidadas para compor o line up do Wacken Open Air. Mesmo com todo esse histórico consistente em apenas 10 anos de existência e 3 álbuns lançados há quem ache que elas não são boas o suficiente e que não devem tocar em determinados assuntos em suas músicas e discursos. A banda já desabafou sobre a reação costumeira dessa porção ainda numerosa demais do público do Metal em Cultura do Estupro, faixa do Downfall of Mankind: “Metaleiro punheteiro /Morre de inveja primeiro/Falando merda no Face/ Quer ver as Nervosa no chão”. Para o incômodo dos senhores, não só ainda teremos Nervosa como em breve teremos mais uma banda com mulheres talentosas e que já nasce grande.



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Cyntia Marques colaboradora Pedaleiras, direto do seu bunker anticoronga no Rio de Janeura!
















Nota do Pedaleiras:

1. Muitos comentários misóginos e fascistas foram apagados da internet e na ocasião da publicação deste texto não foram mais encontrados, mas foram tantos e tão graves que outras mídias noticiaram os ataques às mulheres da Nervosa.

2. O podcast do Pedaleiras "T02E01: Tamo de volta e em nova casa" teve a banda Nervosa como a convidada e rolou uma entrevista divertida e politizada com a querida Fernanda Lira, na época vocalista e baixista da banda Nervosa. Ouça no Spotify, Google Podcast, Itunes procurando por "Pedaleiras podcast" ou, se não tem esses apps, neste site aqui.





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