Abram os olhos: a seguir nesse passo, a próxima grande notícia será o adiamento ou cancelamento das eleições de 2020. As suspensões de calendários dos TREs por conta do Corona podem atingir os prazos da Justiça Eleitoral - lembrem-se que as votações são em outubro e que, segundo o ministro Mandetta, apenas em 90 dias, final de junho, os números de infectados começam a estabilizar, para depois diminuir. Imaginando que a evolução aqui demore mais a ser controlada, seja pelo tamanho do nosso país, pela demora da população e autoridades em responder ao virus, pela falta de infraestrutura para o combate à disseminação em massa, a chegada do outono/inverno, por inépcia do Governo Federal, ou tudo isso junto, ultrapassamos setembro tentando estabilizar os números de novos infectados ou reinfectados. Os ritos necessários para a realização de eleições dependem de prazos, que talvez não possam ser cumpridos pelas medidas de isolamento tomadas. As pré candidaturas, que já estavam se organizando, estão com suas atividades congeladas. As campanhas estariam seriamente prejudicadas. Se apenas um partido pedir que o processo eleitoral não aconteça por se sentir prejudicado, estaremos em maus lençóis. Vejam o que ocorreu nas eleições municipais da França O governo federal já testou nas campanhas o argumento que será usado: lembram das falácias do tipo "não gastar com Carnaval/propaganda do Governo/qualquer gasto na Cultura, para usar o dinheiro em hospitais"? Com a pandemia, a discussão sobre a revogação do teto de gastos, ganha força e, tudo o que pode nos beneficiar, pode também abrir a possibilidade de utilização do Fundo Eleitoral para investimentos imediatos na Saúde. O que vai ajudar muito o Ministério da Saúde, mas também abre espaço para mais uma justificativa para o adiamento/cancelamento das eleições. Fiquem alertas para a cadeia de acontecimentos. É preciso estar atento e forte.
Foto de capa: Foto: Alfredo Rizutti/Estadão Conteúdo - campanha Diretas Já.
Renata Guajará. Doula, RJ. 19.03.20
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