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Quero ser Punk com você: Gritando HC em Niterói - por Paçoca Psicodélica

Atualizado: 4 de abr. de 2020

Ouço falar do Espaço Convés desde o final dos anos 90 e aquele rolé, com tantas estreias, não poderia ser mais especial: minha primeira ida à casa, primeiro evento do Coletivo Guerrilha no espaço, primeiro show da Gritando HC na cidade de Niterói, sem contar que era meu primeiro credenciamento pelo Pedaleiras. "Come sal e vai filhote". Já na entrada ouço "Caramba você tá tipo imprensa mesmo, né? Irado!" mas eu fui de bicicleta e era o colete fluorescente que uso no trânsito à noite que estava segurando então ri um bocado.



NAUZIA (RJ) - tem 77 em Niterói, sim


Abrindo a noite por volta de 19:30h, sobe ao palco os rapazes da Nauzia, que para a minha surpresa e alegria era uma banda Punk 77, tão escassas aqui no Rio. A banda tem mais de 20 anos de estrada e desde a primeira música levantou a galera. De cara o refrão da Ninguém pode Parar deixou a roda linda! O baixista me chamou à atenção com sua performance vibrante bem no estilo setentista do Punk Rock e foi assim, viajando vendo o cara tocar que tomei um susto ao ouvir o vocalista Ned dizer Esgotados. Eu pensei "já mano?", mas era o nome de uma música! A loka ela. Apesar de gripado, o cara mandou muito bem e, camarada, ofereceu a música Rodovia 77 ao Coletivo Guerrilha. Numa cena tão sectarista, vital e muito bacana surgirem novas parcerias em vez de cada um olhar apenas pro seu próprio umbigo.



ONDA ERRADA HC (RJ) - a nova cara do HC no Rio


Quando a Onda Errada HC entra em cena, a expectativa é sempre de um show foda de Hardcore e desta vez não foi diferente, pois já no começo o refrão de Não Passará fez com que braços brandissem no ar e uma roda foda, inclusive com algumas garotas, se formasse à frente do palco! Som rápido, político e divertido. Como os caras se amarram também num Skazin, tem uns momentos pra dar uma "respirada" e numa dessas, quando rolou Feriado, reparei o baixista e me dei conta do contraponto que ele faz com o restante da banda: geral suado e descabelado e o Vinícius lá, todo gentleman. rs


Como "se não for pra tretar os caras nem vão", em Gatinho Polícia, Matheus (guitarra e vocal) falou da incongruência entre ser policial e se dizer antifascista, visto que a PM é uma instituição de coerção social e fascista. E tá errado? Seguindo o set, a punkaiada curtiu muito também um single a ser lançado que fala sobre a base do atual cidadão de bem no Brasil: Pó, Puta & Revólver e inclusive o Fernando Oliveira ( banda Rats ) quem gravou os trompetes desse som, estava na plateia curtindo o rolé, muito massa. Pra fechar, a Onda Errada levou Chute um fascista, o hino antifa do Coletivo Guerrilha e mano, a fúria que rola na roda nesse momento, só colando no próximo show pra você compreender.



GRITANDO HC (SP) - 25 anos com a garota da sala ao lado





O show da Gritando HC é daqueles que por tudo o que acontece no palco e com o público a melhor definição é catarse coletiva. De cara, uma das primeiras falas da banda me tocou por ser uma verdade para todos nós que fazemos da música nossa própria vida. Lê disse sobre o quanto o underground é uma forma de nos revitalizar das questões do cotidiano, do peso dos dias. E ela era ali a prova de suas palavras: completava mais um ano de vida em cima de um palco ( uhum, era niver delaaa ) e à frente de uma das bandas mais importantes do underground nacional e mesmo depois de atravessar tantos problemas pessoais nos últimos tempos ( por conta da saúde do seu companheiro de banda e de vida Cyco Ticano) estava forte, visceral, inteira. Que mulher. Tive certeza de que seria um grande show!


E o público? Bem, em Quero ser Punk com Você, rolou a primeira "invasão" do palco; na triste Severino meus olhos se encheram de lágrimas ( acho que não foram só os meus ) e não menos fodástica foi a interação em Ande de Skate e Destrua, América Latina em Caos, Terra da Garoa, Escuto Tiros, Fase Adulta, É Hora de Almoçar. Gerações pogando e cantando juntas numa alegria absurda com jeito de momento histórico - e era! E por falar em gerações, Elaine perguntou a média da idade da galera e estava mesmo um barato ver gente que mal chegou aos 20 no mesmo rolé com o povo que está na casa dos 40 e até dos 50! Era muita energia.


Mais uma vez um baixista me chamou à atenção naquela noite. Minha nossa o que era Ritie em cima daquele palco? Fantástico! Na real é sempre um show à parte ver músicos tocando com entrega total e a galera respondendo à altura. E tinha tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo que eu não sabia no que prestar atenção: a roda frenética em todas as músicas, as garotas agitando muito, gente quase caindo em cima da mesa de som toda a hora e mano do céu TINHA UM CARA POGANDO DE MULETA! "Esse é dos meus", pensei e tive vontade de dar um abraço nele mas num deu porque começou a "clássica das clássicas" Velho Punk, todo mundo pirou mais ainda, tomei uma cabeçada e meu celular quase voou longe! Eu ri bagarai. A noite termina suada e nos deixa a certeza de que como canta a Gritando HC: "PUNX NÃO MORRERAM".





P.S.: A gig rolou em 8 de dezembro de 2019 mas o texto demorou a sair por conta de problemas com os equipos e internet. Obrigada ao Coletivo Guerrilha pela confiança e paciência.


Imagens de Vitor Pastana a convite do Coletivo Guerrilha.

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