Hj faz um mês q eu estou em isolamento. Ando cansada. Ando triste.
Cansada de ficar em casa, porém mais cansada ainda de ter q ouvir e ver certos discursos, certas atitudes. Uma crise de ansiedade, uma apatia, uma depressão, um tédio até dá pra relevar, mas o q incomoda mesmo é ter q provar q o vírus existe.
Nunca se duvidou da Dengue, do Sarampo, da Tuberculose. Porém, de uns tempos pra cá, parece surreal q um vírus possa matar. A imprensa mente, a OMS mente, os médicos mentem, o vizinho enfermeiro mente. Só quem fala a verdade é o presidente, o empresário riquíssimo, o falso filósofo q fica trancado em casa na frente de um computador gravando vídeos. Aí vc liga a TV e além de ter q ouvir q o número de mortes aumentou, ouve tbm q o presidente quer demitir o ministro da saúde, q o presidente falou q não precisa ficar em casa, q o presidente tá se esfregando em todo mundo numa padaria, q o presidente falou q tem um remédio q é tiro e queda mas q não foi testado ainda...
Era pra gente estar em outro tipo de conversa, sabe? Era pra estamos ocupados com água, sabão, álcool, máscaras, hospitais. Surge um líder religioso q fala q a partir de amanhã não vai ter ninguém contaminado no Brasil, pq o país é governado por um ungido e por algum motivo somos um povo escolhido. No dia seguinte, mais mortes.
E se vc fala, se vc critica, aparece alguém puto com vc, defendendo essa gente. Pq a pandemia aqui virou questão política. Parece q é um crime a pessoa discordar de quem votou em 2018, tem q aceitar cada absurdo e combater quem não aceita. O mundo todo se cuidando, partilhando uma única orientação, alinhado com a OMS. E aqui o presidente tá alinhado com o discurso de um ditador da Nicarágua e o presidente de Belarus. Tem município com gente andando nas ruas tranquilamente, comércio aberto, como se nada tivesse acontecendo, confiando nessa negação da doença.
Cansa. Entristece. Desanima.
16 de abril de 2020.
Ilustração de capa da autora.
Funciona´ria Pública, 32 anos. RJ.
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O PROJETO Mulheres em 40ntena, novo projeto do Pedaleiras, de escrita criativa e terapêutica, de expurgo e cura para unir e divulgar os textos emocionados e emocionantes desta fase que nos tomou de assalto. Todas estão convidadas a participar. Não precisa ser escritora profissional ou artista. Não importa sua escolaridade. Não há mínimo ou limite de idade. A ideia é justamente que seja o mais abrangente possível: com mulheres muito diferentes em questões de classe, cor, faixa etária, profissão, de credo, de região do Brasil, orientação sexual entre tantos outros aspectos mas com algo em comum: sobrevivendo à uma epidemia dentro de um quadro grave de pandemia.
O que tem sido ser MULHER nesta fase que transborda isolamento, solidão, lágrimas, perdas, ansiedade, momentos depressivos, dúvidas, medo e desespero mas também buscas profundas, mergulhos, descobertas, sorrisos, tesão, criações, retomadas, reconciliações, perdão, despertares, novos olhares, inspirações, fortalecimento, solidariedade e amor?
Escreva! Envie seu texto para portalpedaleiras@gmail.com ou para o zapzap 21993272560 com seu @ no FB, título do texto, sua profissão, idade, cidade e estado. Diga também se deseja que seu texto seja revisado gramaticalmente (tirar "erros" de Português) ou não. Pode ser poema, análise de conjuntura, carta, diário, resenha de álbum ou música, crônica, conto, lista de compras, HQ, relato de uma experiência ou qualquer outro gênero textual.
Beijos, desejo que fiquemos bem.
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